quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Voo do Corvo

Título: O Voo do Corvo
Série/Saga:  Shadowfell (Shadowfell, #2)
Autor: Juliet Marillier
Edição: Planeta
Tradução: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896574505
Nº de páginas: 400


"Depois de concluir a sua longa e árdua viagem até à base dos Rebeldes em Shadowfell, Neryn tornou-se uma parte vital da rebelião contra o tirânico rei Keldec. Cada passo que dá no sentido de aperfeiçoar os seus dons e afirmar-se como uma Voz poderosa e única na sua geração leva-os mais perto da meta pretendida. Mas, primeiro, Neryn terá de procurar os Guardiães das quatro Vigias para completar o seu treino e o tempo escasseia. Entretanto, Flint, o espião rebelde por quem se apaixonou, foi de novo chamado à corte de Keldec. O laço que os une é tão forte que, mesmo à distância, se procuram em sonhos, partilhando momentos preciosos - ainda que inquietantes - da vida um do outro. 

Os Rebeldes vêem com desconfiança este novo amor. Permitir que a emoção se sobreponha à lógica fria do movimento pode pôr tudo em risco. No fim, o amor poderá revelar-se a força motriz da esperança ou a brecha traiçoeira na armadura da rebelião."


Lembro-me de ter pensado, quando li o primeiro volume de Shadowfell (no final de 2012), que no meu entender, Juliet Marillier estava a caminhar a passos largos para a redenção. Depois de nos ter contado algumas histórias com uma voz que só vagamente tinha algumas semelhanças àquela a que há tantos anos nos vinha habituando, quer-me parecer que a autora reencontrou o seu caminho. Esta série parece-se muito mais com aquelas aventuras e mistérios em Sevenwaters, por exemplo, do que seria de esperar.

Não posso dizer que este segundo volume tenha sido tão cativante como a anterior. Apesar de algumas surpresas e de no final conseguirmos compreender que a protagonista, de facto, evoluiu muito a vários níveis ao longo deste livro, muitas vezes o ritmo da narrativa era tão lento, ou tão acelerado que ficava com a sensação de que não estava a acontecer nada ou de que tudo estava a acontecer de repente quando na verdade se passava precisamente o contrário. Não sei se me fiz entender... O ritmo da narrativa e aquilo que era narrado nem sempre coincidiam, houve alguma falta de harmonia a esse nível. 

Apesar de tudo, a autora consegue redimir-se com a história em si (que graças aos deuses não tem um daqueles amores melosos a interferir), com alguns dos seus personagens e sobretudo com as descrições. Com um ambiente medieval como pano de fundo, as descrições que nos são oferecidas são qualquer coisa de delicioso. Não foram poucas as vezes que consegui estar numa ilha verde no meio de um oceano, ouvindo as gaivotas à minha volta; ou que dei por mim no cimo de uma montanha com a floresta a rodear-me. 
No que aos personagens diz respeito, penso seriamente que Neryn, a personagem principal, é a mais fraca das criações de Marillier para este livro. Tem falta de confiança, é muito ingénua e, por vezes, chega a ser sonsa. Irrita um bocado o leitor que está à espera  de mais da suposta salvadora da nação. Os personagens secundários são muito mais complexos, mais misteriosos, menos sonsos e trazem-nos muito mais surpresas que esta jovenzinha. Gostei especialmente desta nova Tali, tal como dos gémeos.

Uma das características que voltámos a ver muito presente, tanto de forma directa como de forma indirecta, nesta nova narrativa é a eterna dualidade entre o bem e o mal, esperança e desespero... É, na verdade, uma constante em quase todos os livros da autora. Neste volume em específico, há uma oposição permanente entre forças opostas mas também um equilíbrio que se encontra quase sempre em "locais" inusitados - sejam eles lugares físicos, os corações de alguns intervenientes na trama ou, até, um casal real e a sua guarda.

Não posso dizer muito mais sem cair em spoilers (e isso é coisa que ninguém quer) e, na verdade, é muito complicado falar deste livro sem falar da história em si. Apenas posso dizer que o final, apesar de previsível em muitos aspectos, trouxe uma ou duas surpresas que me deixaram com imensa vontade de ler o próximo livro (sai em Julho na versão original) e saber como as coisas podem evoluir a partir deste ponto. Gostei de voltar a "ter um cheirinho" da minha velha Juliet Marillier.

7/10

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