sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

The Voice

"In a small village outside the city of Vision, the people know no sorrow or grief. But this seemingly idyllic community is hiding a terrible secret. As a young child, Nalah did not know why she was told to bring a cake to the mute girl known as the Voice whenever she was upset, only that doing so made her feel better. Now grown, Nalah understands the dark truth, and yearns to escape from the oppressive village that has been her life-long home. But it is only after visiting the city of Vision and discovering the Temple of Sorrow that Nalah understands what she must do to be free…"

Esta foi uma das minhas primeiras leituras no meu Kobo e foi, tenho que confessar, a primeira coisa que consegui ler de fio a pavio em inglês. Na verdade, tinha algum medo de não conseguir alcançar o objectivo mas decidi comprar e tentar (afinal custou menos de 3€ na fnac!!) e valeu a pena. Tinha medo que a escrita da autora não fosse tão fácil ou fluída no original mas estava enganada. Foi fácil, muito agradável e rápido.

The Voice é uma noveleta do mundo de Efémera que pode perfeitamente ser lida por quem não está totalmente familiarizado com aquele mundo que muda consoante os desejos dos corações ou de acordo com aquilo que cada um merece. Na verdade, só já numa fase final desta noveleta nos deparamos com esse peculiar aspecto.

A maior parte desta narrativa é passada numa aldeia onde tudo parece idílico e os problemas se resolvem com um simples bolo. Quem nunca quis viver sem tristezas nem desgostos? Quem nunca sonhou ter apenas dias plenos de alegria, ou pelo menos de normalidade, dias agradáveis na sua vida? Pois nesta aldeia a solução para estes tão humanos e mundanos problemas foi encontrada. Cada vez que alguém esta a ter um dia mau ou é assaltado por uma súbita ansiedade ou problema, basta-lhe fazer um bolinho seguindo a receita e dirigir-se à casa da Voz que o comerá depois de sorrir. No fim, todos se levantam muito mais leves e felizes, prontos para continuar com os afazeres do dia. Mas será mesmo assim? Será que todos são felizes?

Aos dez anos, Nalah assiste a um episódio nada feliz - alguns rapazes correm atrás da Voz, molestando-a. No meio da confusão, o lenço que sempre lhe cobre a cabeça e o pescoço cai e o que está por baixo não são memórias felizes. Desde esse dia, Nalah evita levar bolinhos à Voz. Questiona-se sobre as origens da rapariga (origens que ninguém parece conhecer), sobre o passado e sobre a ética e rectidão da atitude geral de (literalmente) encher uma jovem com os problemas alheios, servindo-lhos num embrulho doce. Sim... Nalah acaba por descobrir como funcionam os bolinhos. Também descobre dúzias de segredos que não são assim tão secretos. Cada dia que passa faz com que se torne mais simples ver a hipocrisia que rege a sua aldeia e a verdadeira natureza de todos os seus habitantes, bem como dos anciãos que a regem. Todos estão dispostos a tudo para viver num lugar idílico e sem problemas de monta, dispostos a destruir completamente qualquer comportamento, ou pensamento, que não se encaixe nos padrões estipulados.

Ainda que toda a narrativa seja feita por Nalah, ficamos a conhecer as suas duas melhores amigas (e a vida delas) e outros personagens que vão ser cruciais no desfecho da estória. Não posso escrever muito sobre isso sem revelar o final e sem termos aqui grandes spoilers. Posso, isso sim, adiantar que a jovem vai desafiar as ideias impostas e confrontar o mundo que sempre conheceu. Nas personagens de Nalah, Kobrah e Tahnee vamos conhecer a personificação da revolta e de um espírito combativo que não aceita que lhe seja imposta uma  realidade com a qual não concordam. O mundo lá fora rege-se por outras regras e ninguém deixa de ser quem é por carregar nos ombros um sentimento menos feliz.

The Voice é uma história de injustiça, de sonhos quebrados e concretizados, de ganância e hipocrisia mas também de amor e amizade que nada pede em troca; uma narrativa especial recheada de personagens fortes  e com uma moral, uma ideia subjacente, que nos deixa a pensar no rumo do mundo e das nossas próprias vidas. Além disso, com Nalah e os segredos que ela descobre, Anne Bishop introduz, uma vez mais, temas que parecem ser-lhe caros - o abuso de jovens e mulheres, a violação, as dificuldades das vitimas em livrar-se dos seus opressores/agressores... Neste aspecto, a aldeia fez-me lembrar Briarwood do mundo das Jóias Negras.

7,5/10


Não posso publicar o post sem deixar de dizer o contente que fiquei com o destino dado ao vilão da trama. Bishop consegue sempre fazê-los sofrer na medida certa... :)

Sem comentários: