quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O aroma dos livros


Quem gosta realmente de livros adora-os pelo seu peso, pelas capas (duras ou não) pelo prazer de virar a página e, este é um ponto realçado por todos os amantes de livros, pelo seu cheiro. Quantos de nós temos o secreto (ou não tão secreto) prazer de, antes de iniciar a leitura de um novo volume, abri-lo e desfolhá-lo apenas para sentir o cheiro exalado pelas suas páginas? Pois é.... sei que não sou a única a fazê-lo.

Karl Lagerfeld também deve fazer a mesma coisa que muitos de nós. Não foi apenas uma vez que afirmou que o melhor cheiro do mundo é o cheiro dos livros. Prova do seu gosto a nível aromático são não penas estas declarações mas o facto de ter aceite a proposta da Wall Papper Magazine - revista de moda, arte e design. A pedido do editor Gehrard Steidl foi criada e "engarrafada"  (muito ao estilo de Patrick Suskind !!!), por Gaza Schoen, uma fragrância que reproduz o cheiro que faz as delicias doa amantes dos livros por todo o mundo. A idealização da caixa fico, então, a cargo de Lagerfeld.

Será que cheira mesmo como os livros das nossas estantes?




A título de curiosidade, posso adiantar-vos que o nosso prazer e gosto por este aroma vem, sobretudo de uma substância de nome Lignino. O Lignino é uma substância que impede que todas as árvores se curvem, um polímero constituído por unidades próximas da vanilina. O que significa que cheira ligeiramente a baunilha. É este aroma, juntamente com o dos demais componentes de um livro - tintas e outros químicos - e o cheiro resultante de factores externos a que os livros são expostos - humidade ou calor - por exemplo, que nos proporciona o enorme e tão simples prazer que retiramos do facto de cheirar um livro.



Deixo-vos as imagens da embalagem do dito perfume :)


Como fonte de informação usei, entre outras, um post do Eu Amo Ler

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

The Daylight War - Peter V. Brett



Com o último volume acabadinho de escrever, o autor Peter V. Brett deu a conhecer na sua página oficial a capa da edição americana de The Daylight War. O facto dá aos demais leitores uma certa esperança de que já não falte muito para pormos as mãos nas edições traduzidas.

Segundo o autor, se O Homem Pintado (podem ler a minha opinião aqui) é o livro de Arlen e A Lança do Deserto o de Jardir, este novo volume será definitivamente o livro de Inevera. 

Depois da visita à página oficial fiquei com expectativas elevadas quanto a este título. A ver vamos...
Enquanto e não, ficam aqui as sugestivas imagens de capa/contracapa e o link para um excerto disponibilizado pelo próprio autor - basta carregarem aqui.




terça-feira, 27 de novembro de 2012

Os Dragões do Assassino

Título: Os Dragões do Assassino
Saga/ Série: O Regresso do Assassino Vol.5
Autor: Robin Hobb
Tradução: Jorge Candeias
Edição: Saída de Emergência
Nº de páginas: 448

"Os Dragões do Assassino termina uma das séries de fantasia mais épicas de sempre. Por uma vez, todos parecem estar unidos num único objetivo: chegar ao dragão Fogojelo, sepultado sob o glaciar de Aslevjal. Uns pretendem libertá-lo, outros querem matá-lo. O que será que vai acontecer? No meio está o Príncipe Respeitador, preso pela vontade de paz a um casamento que depende da morte do dragão, mas ligado pela Manha a quem quer devolver ao mundo aquela grande vida. O dragão de Vilamonte, poderá ter uma palavra a dizer? E o Bobo, que profetizara que morreria naquela ilha; morrerá? No centro do turbilhão, como sempre, encontra-se Fitz, sempre o fulcro, sempre o Catalisador, sempre o agente da mudança. Que surpresas, que reviravoltas no fluxo do tempo poderá ele ainda causar?"



Os Dragões do Assassino vem encerrar a série O Regresso do Assassino de Robin Hobb. Por ser um volume que equivale à segunda metade do último livro na edição original, não há grandes "preliminares" e a acção prende o leitor logo no primeiro capítulo. É impossível "só deitar um olho", nas primeiras páginas começa tudo a acontecer.

Fitz e os companheiros encontram-se na ilha de Aslevjal com o intuito comum de alcançar Fogojelo, o dragão preso no glaciar. O único problema é que nem todos têm as mesmas intenções. Alguns membros do grupo pretendem soltá-lo e devolver os dragões ao mundo enquanto que, para outros, o mais importante é que Respeitador cumpra a sua promessa e deposite a cabeça do dragão na lareira da casa-mãe da sua noiva. Fitz está mais dividido que qualquer um dos membros do grupo e, simultaneamente, cresce dentro de si a preocupação com o Bobo e com o futuro por este previsto. É imperativo descobrir que é o misterioso homem de negro, alcançar o dragão e evitar a morte do Bobo. Todas estas tarefas exigem tomadas de decisão importantes e, em minha opinião, é este um dos pontos altos do livro. O evoluir de Fitz, o facto de termos um personagem cada vez mais forte, que começa a aceitar o seu passado, os seus erros e com uma vontade adulta de se redimir dos mesmos, toma decisões mais sábias e menos infantis.

Sendo o capítulo final dá saga, há algumas pontas soltas e arestas por limar. Hobb trata magistralmente desta questão proporcionando-nos um reencontro do leitor com personagens das quais sentíamos falta e, mais importante, o reencontro entre personagens que vem fechar algumas feridas e fases das suas vidas. Contudo, é este aspecto que dá um sabor agridoce ao livro. Se por um lado o leitor fica contente por pais reencontrarem e salvarem heroicamente os filhos, pelo assumir dos erros passados por parte de alguns e o aceitar de uma vida e novas condições por parte de outros; por outro lado, não deixamos de ficar literalmente com a lágrima no canto do olho com o final reservado a alguns dos nossos mais queridos companheiros nesta, já longa,  viagem pelos Seis Ducados. Há amores reencontrados, há novas relações de amizade e partilha mas esta é uma conclusão pejada de tristeza, morte, abandono e separação.

Adorei esta conclusão da saga, foi o melhor de todos os volumes, o mais bem conseguido e o que mais me tocou (se bem que estas coisas dependem muito do nosso estado de espírito quando lemos). Um desfecho magistral de uma série fantástica que, espero (a autora já disse haver essa possibilidade)  não seja a última vez que temos notícias de Fitz e do Bobo.

Podem ler um excerto aqui.

9/10

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

The mysteries of Udolpho

Título: The mysteries of Udolpho
            Vol. I, II, III, IV
Autor: Ann Radcliffe
Edição: Oxford University Press
Nº de páginas: 672

"The Mysteries of Udolpho follows the fortunes of Emily St. Aubert who suffers, among other misadventures, the death of her father, supernatural terrors in a gloomy castle, and the machinations of an Italian brigand."



Precisei de ler este livro por motivos académicos, mas pensei que não seria “uma seca” pois é literatura gótica, que eu até gosto bastante. Mal sabia eu o que me esperava…

A história gira em torno a uma heroína, Emily St. Aubert, a quem acontecem mil e uma desgraças. E qual é a resposta desta brilhante heroína face às múltiplas desgraças? Chorar e desmaiar. A mulher passa 90% do livro a chorar ou a tentar não chorar, a desmaiar ou desmaiada. A meio do livro estava à espera de que ela morresse de desidratação ou que, num dos seus desmaios, batesse com a cabeça nalgum sítio e fosse desta para melhor.

Além desta heroína extremamente activa (sarcasmo), o livro teve uma publicação em que o título completo era “The Mysteries of Udolpho – A romance interspersed with some pieces of poetry”, o que significa que, pelo meio, deparamo-nos com vários poemas. Sinceramente, achei que não contribuíam em nada para a acção e que só cortavam o seu desenrolar. Também não achei que a poesia fosse propriamente boa.

Não gostei muito do tipo de descrição e não foi por não gostar de livros descritivos (por exemplo, adorei a descrição pormenorizada do Ramalhete, n’Os Maias). O meu problema não é com descrições longas e pormenorizadas, o meu problema é que estas são… chatas. É essa a palavra. Levar duas páginas e meia (de uma letra mínima e sem espaçamento) a descrever aquela paisagem tão bela, com árvores tão bonitas e um rio tão maravilhoso que desperta sensações tão fofinhas e bonitas nas personagens que, como não podia faltar, acabam a chorar devido à beleza de tudo o que os rodeia é, simplesmente, chato. E se estas descrições fossem seguidas de alguma acção, a coisa podia compor-se. Mas não. A acção é lenta. Muito leeeenta.

Apesar de o livro ser grande (está dividido em 4 volumes, cada um com umas 170 páginas), tenho a sensação de que se falar de qualquer pormenor relacionado com a acção, estrago logo o livro. Até acontecem várias coisas, mas como cada coisinha que acontece é prolongada até à exaustão e depois resolve-se em parágrafo e meio, parece que não acontece nada ou que dava para condensar tudo num volume.

Além de achar que se desvendar o que quer que seja sobre a acção vou estragar o livro a alguém que o queira ler, a verdade é que acho que não retirei nada do livro e não vou inventar coisas para dizer. Se calhar o facto de o ter lido com fins académicos não ajudou muito, mas creio que se não tivesse sido por este motivo nunca teria pegado nele.

Boas leituras!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Proua i Percunceito - Capítalo XIII




Tengo sprança, mie querida,” dixo le l Senhor Bennet a la mulher del, quando se zayunában a soutordie pula manhana, “de que téngades treminado ũa buona cena para hoije, porque s’a mano alguien se bai ajuntar a la nuossa familha.”

“Que me dezis, miu querido? Nun sei de naide que benga. Tengo la certeza, a menos Charlotte Lucas que mos ben a bejitar— i cuido que las mies cenas son buonas que chegue para eilha. Nun acredito que beia muita beç algo aparecido an casa deilha.”

La pessona de quien stou a falar ye un cavalheiro, i un stranho.”

La Senhora Bennet arregalou ls uolhos. “Un cavalheiro i un stranho! Ye l Senhor Bingley, tengo la certeza. Porquei, Jane—tu nunca dizes ũa palabra destas cousas—sue ambergonhada! Buono, tenerei l maior de ls gustos an beer l Senhor Bingley. Mas—miu Dius! Que pena! Nun hai sequiera un cachico de peixe para amanhar hoije. Lydia, miu amor, toca la squila—Perciso de falar cun Hil agora mesmo.”

“Nun ye l Senhor Bingley”, dixo le l tiu; “ye ũa pessona que nunca hei bido an dies de mie bida.”

Este dito deixou todo mundo admirado; i el tubo l gusto de ser mui preguntado al mesmo tiempo pula tie i las cinco filhas.
Apuis de se haber advertido un ratico cula curjidade deilhas, dou le la seguinte splicaçon:

Hai por ende un més recebi esta carta, que hai arrimado a quinze dies le respundi, puis achei l assunto algo melindroso, i a pedir ũa  atencion pronta. Eilha ben de miu primo, l Senhor Collins, que, quando you me morrir, bos poderá botar a todas para fuora desta casa quando le ir la gana.”

Á! miu querido,” dixo la tie del, “nun gusto de bos oubir amentar nesso. Pido bos que nun fáledes nesse home. You cuido que ye la cousa mais anjusta de l mundo, que ls buossos bienes de raiç le puodan ser lhebados a las buossas própias filhas; i tengo la certeza, se fusse a ti, de que yá muitá haberie atentado fazer algo a esse respeito.”

Jane i Elizabeth fazírun por le splicar l que ye un morgadiu. Yá muita beç habien atentado esso antes, mas esse era un assunto que arrepassaba l antendimiento de la Senhora Bennet, i eilha cuntinaba a falar contra la maldade dun lhegado para fuora dũa familha de cinco filhas, feito a fabor dun home cun quien nada tenien que ber.

Ye ũa cousa mui anjusta, si senhora”, dixo l Senhor Bennet, “i nada puode ampedir l Senhor Collins de ardar Longbourn. Mas se quejirdes oubir la carta del, talbeç bos agrade la maneira cumo el scribe.

“Nó, pula cierta que nun me bai a agradar; i cunsidro ũa ampertinença del an bos screbir, ũa cousa de sínico,. Tengo le rábia a falsos amigos. Porque nun quier el mantener ls problemas cun bós, cumo fizo antes l pai del?”

Porquei, ye berdade; parece que tubo alguns scrúpalos de filho an relaçon a esso, cumo ides a oubir.



Hunsford, acerca de Westerham, Kent, 15 de outubre.


“Caro Senhor,—


“La reixa antre bós i miu pai, que Dius tenga, siempre m’anquemodou muito, i çque tube l’anfeldidade de l perder, muita beç deseei sanar essa brecha; mas por algun tiempo fui detenido pulas mies própias dúbidas, cun miedo de que als uolhos de l mundo esso aparecira cumo falta de respeito a la lhembráncia del al me tornar a dar cun quien el siempre quejira star an zacuordo. —‘Eiqui stá, Senhora Bennet.’ Assi i todo, agora stou resolvido nesse sentido, puis cumo fui ourdenado an Easter, tube la felcidade de ser çtinguido cul apoio de la Baronesa Lady Catherine de Bourgh, biúda de l Senhor Lewis de Bourg, de que la bondade i beneficéncia me quejírun para cura desta paróquia, adonde fazerei todo l possible por me portar a l’altura de l respeito i recoincimiento que le debo a tan eilustre senhora, i star sempre purparado para respeitar cumo debe de ser todos ls ritos i cerimonhas de l’Eigreija Anglicana. Para alhá desso, cumo cura que sou, tomo cumo miu deber pormober i spalhar la bencion de la paç por todas las familhas al alcance de la mie anfluença; i por esta rezon cunsidro estas mies perpuostas de buona buntade cumo mui recomendables, sperando que l causo de you ser l possible ardeiro de Longbourn seia caridosamente squecido por bós, i nun bos lhiebe a nun aceitar l galhico d’oulibeira que bos oufereço. Assi i todo nun puodo deixar de me sentir peneroso por, sien querer, benir a prejudicar las buossas amables filhas, i por esso bos apersento çculpas, i m’oufereço pa la cumpensar cunsante seia possible —mas l feturo l dezirá. Se nada tubirdes contra an me recebir an buossa casa, fago l gusto de bos bejitar, a bós i a la buossa familha, na segunda, 18 de nobembre, ende pulas quatro, i talbeç abuse de la buossa houspitalidade quedando cun bós até sábado de la sumana que ben, l que para mi nun ten qualquiera ancumbeniente, yá que Lady Catherine nuns tá contra la mie falta ne l demingo, çque un outro cura faga an beç de mi l serbício de l die. —Quedo, caro senhor, cun ls mius respeitosos cumprimentos pa la buossa tie i filhas, buosso amigo dedicado, “WILLIAM COLLINS”




Antoce, a las quatro de la tarde bamos a sperar este mensajeiro de la paç”, dixo l Senhor Bennet, drobando la carta. “Ele parece ser un moço mui cuncencioso i bien eiducado, i nun tengo dúbedas de que poderá ser un bun coincimiento, subretodo se Lady Catherine lo outorizar a benir outra beç a tener cun nós.

Assi i todo faç algun sentido l que el diç a respeito de las rapazas, i se el stá çpuosto a fazer le algues oufiertas, nun serei you la pessona que l bai a zancorajr.”


“Anque seia defícele,” dixo Jane, “adebinar an que sentido el mos quier fazer essa repaçon que el cuida que mos ye debida, l deseio yá abona a fabor del.

Elizabeth staba ampressionada cul grande respeito cun que trataba Lady Catherine, i l guapo perpósito del an doutrinar, casar i anterrar ls paroquianos del quando l’oucajion lo pedisse.

El debe de ser meio boubico, cuido you,” dixo eilha. “Nun lo antendo¬ —Hai algo mui spalhafatoso ne l stilo del —I l que quier el dezir al çculpar se de ser l próssimo ne l morgadiu? Nun podemos pensar que el nun lo aceitarie, se pudira. Será el un home sério, senhor?”

Nó, querida, cuido que nó. Tengo grandes spranças de lo benir a achar bien al alrobés. Na carta del hai ũa mistura de quien s’abaixa i de quien se dá aires, que pormete muito. Stou mortico por l ber.”

“Mirando bien pa la redaçon”, dixo Mary, “La carta del nun me parece mal. L’eideia de l galhico d’oulibeira talbeç nuns seia completamente nuoba, mas beio que fui ousada de modo acertado.”

Para Catherine i Lydia, tanto la carta cumo quien la screbira nun tenien antresse nanhun. Era quaije ampossible que l primo le aparecira de jiqueta burmeilha, i yá habien passado algues sumanas zde l tiempo an que tenien gusto na cumpanha dun home cun qualquiera outra quelor. Pa la mai, la carta de l Senhor Collins apagara ũa buona parte de l pie atrás que tenie an relaçon a el, i purparaba se a pa lo recebir cun un sereno que até deixaba l tiu i las filhas pasmadas.
L Senhor Collins bieno a hora cierta por el andicada i fui recebido de modo mui amable por to la familha. L Senhor Bennet a bien dezir pouco dixo; mas las ties stában bien purparadas para falar, i l Senhor Collins parecie que nun percisaba que lo animássen, nien fazie tencion de quedar calhado. Era un home alto i pesado de ls sous binte i cinco anhos. Tenie un aire sério i solene, i ls modos del éran mui formales. Mal apenas se sentara ampeçou lhougo a agabar la Senhora Bennet por tene ũa tan guapa familha de filhas; dixo le que habie oubido falar muito de la beleza deilhas, mas neste causo la fama inda quedaba para acá de la berdade; i acrescentou, de que nun dubidaba de que eilhas las querie ber a todas bien casadas, a sou tiempo. Este agabo nun le agradou muito a algues de las sues ouvintes, mas la Senhora Bennet, que nun regateaba cumprimentos, respundiu le mui debrebe.

Sodes mui amable, stou cierta; i deseio cun todo l miu coraçon  que assi seia, puis doutro modo pouco teneran que le bala. Las cousas son resolvidas dun modo stranho stranho.”

“Amentais, talbeç, na ardança desta propiadade.

Á! senhor, ye berdade. Ye ũa mala cousa pa las mies probes filhas, teneis de cunfessar. Nun ye que you bos cunsidre l culpado, puis bien bien sei que essas cousas acuntécen. Ye ampossible marcar l çtino de ls bienes quando fáien parte dun morgadiu.”


“Tengo la purfeita cuncéncia, senhora, de la perda que poderá repersentar pa las mies encantadoras primas, i poderie adelantrar algo mais subre l assunto, mas nun quiero ser agarrado por atrebido ou apressiado. Mas puodo le assegurar a las senhoras de que bin purparado pa las admirar. Por agora nun quiero dezir mais nada; mas, talbeç, quando mos tubirmos coincido un cachico melhor “

Fui anterrumpido por un criado a chamar para cenar; i las rapazas rírun se ũas pa las outras. Nun éran solo eilhas las admiradas pul Senhor Collins. La preça de casa, la sala de quemer, i toda la mobilha, fúrun bista de modo menudo i agabadas; i todo esse sou agabo haberie topado l coraçon de la Senhora Bennet, mas anrezinada cula eideia de que el miraba pa las cousas cumo l feturo duonho. Tamien la cena fui mui agabada; i el pediu que le dezíran a qual de las sues ancantadoras primas se le debie un tan eicelente cozinhado. Mas eiqui fui eimendado pula Senhora Bennet, que le assegurou dun modo algo ásparo que stában mui bien pa le pagar a un bun cozinheiro, i que las filhas deilha nada tenien que fazer na cozina. El lhougo le pediu perdon por le haber zagradado. Cun ũa boç mais suable eilha dixo le que nun staba oufendida; mas el cuntinou se a çculpar por ende mais un quarto de hora.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Casa de Gaian - livro III Trilogia Pilares do Mundo

Título: A Casa de Gaian
Livro III - Trilogia dos Pilares do Mundo
Autor: Anne Bishop
Tradução: Luis Coimbra
Edição: Saída de Emergência
Nº de páginas: 448


"Começou como uma caça às bruxas, mas o plano do Inquisidor-Mor para eliminar todos os vestígios de poder feminino que há no mundo preveem agora a aniquilação dos barões de Sylvalan que se lhe opõem… e a destruição do berço de toda a magia: a Serra da Mãe. Humanos e feiticeiras formam uma aliança difícil com os Fae para fazerem frente a esse imigo terrível. No entanto, mesmo unidos, não têm força suficiente para resistirem aos exércitos mobilizados pela Inquisição. Procuram por isso o apoio do último aliado ao qual podem recorrer: a Casa de Gaian. As feiticeiras que vivem isoladas na Serra da Mãe têm poder suficiente para criarem um mundo… ou para o destruírem. 
O antigo lema das bruxas: «Não fareis o mal», arrisca-se a ser esquecido por força de uma necessidade mais premente: a necessidade de sobreviverem."



Acabei o mês de Outubro em grande com a leitura deste terceiro e último volume da trilogia dos Pilares do Mundo. É, sem sombra de dúvida, o melhor dos três livros e aquele onde a autora se revela mais aquela Bishop que eu conhecia. Este é o volume mais cativante e intenso, conseguindo prender o leitor logo no primeiro capítulo. Começamos a ler e as coisas começam logo a acontecer e quando damos por nós já não há como largar.

Com a caça às bruxas de Sylvalan em marcha e uma aliança entre humanos e fae já consolidada, começam-se a fazer os preparativos para combater os Inquisidores e agora a Casa de Gaian tem bruxas mais que dispostas a quebrar a regra que rege a sua vida e toda a sua conduta se a tal forem obrigadas. Ficou para trás o morrer sem dar luta e exércitos humanos enfrentam exércitos mistos (fae, bruxas e humanos) na luta pelo território. E é aqui que a essência da escrita de Bishop se revela. A maldade e a hipocrisia dos vilões mas também o combate interior entre o bem e o mal, luz e sombras, dos nossos personagens preferidos. Nada é fácil e o lado negro de cada um sobressai evidenciando também a força para se manter fiel a  si mesmos e aos seus princípios.

Adorei as voltas e reviravoltas que este volume provoca na própria trilogia e o fim conseguido para alguns dos personagens. Muitos deles pagaram pela sua malícia e perfídia, pela ganância e hipocrisia enquanto  não menos foram compensados pela sua tenacidade e coragem. Contudo, principalmente nos momentos finais da narrativa, é impossível não ficarmos com um nó na garganta. A guerra deixa as suas marcas nas pessoas e na terra, nem a magia permanece intacta e a morte é uma das suas consequências. Não resistindo ao spoiller, tenho que vos dizer que houve uma morte em especial que, apesar de algo previsível, me deixou um amargo de boca. 

Os pontos altos da trama são definitivamente a força dos personagens femininos, à semelhança do que já acontecia nos volumes anteriores, e o dualismo presente em toda a narrativa (luz e sombras, bondade e maldade...) e o facto de sabermos muito, mas muito mais sobre a Casa de Gaian e as bruxas que continuam a habitar o foco primordial de magia deste território. Além disso, temos a escrita simples e fluída de Bishop que nos guia página após página, deliciando-nos e prendendo-nos com delicadeza.

Imperdível para os fãs da saga e/ou da autora.

Podem ler um excerto aqui