sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Jornada do Assassino

Título: A jornada do Assassino
O regresso do Assassino Vol.4
Autor: Robin Hobb
Tradução: Jorge Candeias
Edição: Saída de Emergência
Nº de páginas: 432
ISBN: 9789896374242


"Os poderes do Assassino tornaram-no uma lenda. Mas quando ensinar o herdeiro a usá-los, ficará o reino mais seguro ou irremediavelmente perdido?

Depois do desafio lançado ao Príncipe Respeitador pela narcheska das Ilhas Externas, só lhe resta embarcar para o país de Eliânia em busca do dragão de Aslejval que tanto pode existir como não passar de uma lenda antiga. Fitz, o mais famoso e temido assassino do reino, irá com ele. Mas a partida do herdeiro ao trono dos Seis Ducados para uma atribulada viagem marítima até uma terra de antepassados e inimigos não é algo que se faça de ânimo leve. Que desafios irão ter de enfrentar os nossos heróis? As magias que ambos manejam imperfeitamente, serão uma ajuda ou um empecilho? E o que acontecerá aos Seis Ducados se o herdeiro desaparecer para sempre nessa terra misteriosa e distante? "

 
Com a sua escrita fluída e cuidada, Robin Hobb leva-nos mais uma vez aos Seis Ducados. A primavera chega e aproxima-se cada vez mais a partida de Respeitador para as Ilhas Externas onde terá a missão de decapitar o lendário dragão que habita naquelas paisagens geladas.
Os primeiros capítulos são passados, precisamente, com os preparativos para a viagem. Claro que algo que parecia relativamente simples se pode tornar complicado de várias formas e Fitz acaba por ver as suas lealdades e amizades postas em causa além de ver esvair-se-lhe o (pouco) entusiasmo inicial com a demanda. Quando a viagem tem finalmente inicio o desconforto e os problemas estão longe de se resolver...
Claro que a viagem e a demanda em busca de um dragão vivo são a imagem mais visível e marcada nesta nova pintura dos Seis Ducados mas, em minha opinião, não são a parte mais interessante desta trama. Os problemas pessoais de Fitz complicam-se e a existência de alguns aspectos escondidos do seu passado vai ter que ser revelada. Por outro lado, a Manha e o Talento são aspectos que vão tomando maior importância à medida que as ligações entre os possuidores destes dons os começam a explorar e a usar em seu proveito. Além destes elementos, temos um grande mistério para resolver - e eu não lhe vislumbrei grandes soluções - todos eles relativos à narcheska e à sua família, bem como à inusitada exigência por esta feita. Estou realmente curiosa para saber o que está por detrás desta "vontade" de matar o dragão e que relação tem esse pedido com os Navios Vermelhos e os Forjados.
A nova face do Bobo e a sua capacidade de metamorfose mesmo quando parece já pouca esperança haver, é outro dos aspectos marcantes do livro. O Profeta Branco julga-se cada vez mais próximo do final da sua missão e a sua relação como seu Catalisador e com os demais personagens sofre uma nova (e interessante) reviravolta.
Os personagens, os nossos conhecidos de sempre e os novos, e as relações que se estabelecem entre si continuam a ser os pontos altos da trama.

Um aspecto não muito positivo foi a sensação de que, por vezes, a autora estava a "encher chouriços". Sendo narrada na primeira pessoa por Fitz, o ritmo da estória reflecte o crescimento e desenvolvimento do personagem, o seu transformar num homem mais maduro e ponderado que deixou para trás os devaneios e agitação da juventude. Assim sendo e como já havia constatado anteriormente, o ritmo da narrativa desta saga que tem como pano de fundo os Seis Ducados, é algo mais calmo que o da saga anterior - coisa que considero uma boa e totalmente justificada opção da autora. Contudo, neste volume achei que havia momentos que se arrastavam demasiado e sem que o leitor compreendesse muito bem porquê. Claro que, correspondendo este livro apenas à primeira parte do seu original, no próximo volume podemos conseguir compreender o arrastar de algumas situações mas, por agora...
Apesar do ritmo mais calmo e ponderado com que Fitz nos narra os acontecimentos marcar a narrativa, nos capítulos finais a tensão adensa-se e o ritmo aumenta o que me faz prever um próximo volume com mais acção e no qual as coisas se poderão vir a desenrolar mais rapidamente.

Como seria de esperar, terminamos o livro num ponto chave que nos deixa a querer mais. A curiosidade está nos píncaros.

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