quinta-feira, 3 de maio de 2012

Avatar de Kushiel

Título: Avatar de Kushiel
Autor: Jacqueline Carey
Tradução: Teresa Martins de Carvalho
Edição: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374051
Nº de páginas: 400

"A nação de Terre d’Ange é um lugar de beleza e graça sem par. Diz-se que os anjos deram com a terra e a acharam boa… e que a raça resultante da semente dos anjos e dos homens se rege por uma simples regra: Ama à tua vontade. Phèdre nó Delaunay é uma mulher atingida pelo Dardo de Kushiel, eleita para toda a vida experimentar a dor e o prazer como uma coisa só. O seu caminho tem sido estranho e perigoso, e ao longo de todo ele o devotado espadachim Joscelin tem estado a seu lado. A natureza dela é uma tortura para ambos, mas ele jamais violou o seu voto: proteger e servir. Agora, os planos de Phèdre põem a promessa de Joscelin à prova, já que ela jamais esqueceu o seu amigo de infância, Hyacinthe. Passou dez longos anos em busca da chave para o libertar da sua eterna servidão, um acordo por ele feito com os deuses — tomar o lugar de Phèdre em sacrifício e com isso salvar uma nação. Phèdre não pode perdoar — nem a si própria nem aos deuses. Está determinada a agarrar uma derradeira esperança de redimir o seu amigo, nem que isso signifique a morte. A busca irá levar Phèdre e Joscelin mundo fora, para cortes distantes onde reina a loucura e as almas são moeda de troca, e por um lendário rio abaixo até uma terra esquecida de quase todo o mundo. E até um poder tão imenso que ninguém ousa proferir o seu nome."            

Para mim os pontos altos da obra de Jacqueline Carey são as suas personagens e a magnífica escrita, rica e cuidada, com que nos pinta cenas tão vividas que nos fazem sentir parte integrante da narrativa. Este volume não foge à regra.
Dez anos passaram sobre os acontecimentos de “A Promessa de Kushiel”, dez anos de paz que foram generosos para a maioria dos personagens. Contudo, sem que houvesse grandes avisos, os acontecimentos vão precipitar-se e Phédre vai ver-se mergulhada em duas demandas que, numa fase inicial, não parecem ter nenhuma relação entre si. Ainda assim, nada é o que parece a teia de intriga é tão densa e intrincada que nem sequer a herdeira de Delauney é capaz de abarcar a totalidade do mistério e quem poderá estar por detrás dele.
Correspondendo este volume da edição portuguesa a metade do livro na sua edição original, não é um texto que consiga responder-nos a todas as questões que haviam ficado pendentes mas, em muitos aspectos, é mais do que estávamos à espera. Também por causa desta divisão o ritmo da narrativa é bastante pausado em cerca de ¾  do mesmo sendo que a sua intensidade apenas começa a aumentar nos capítulos finais.  Apesar disso, a acção vai-se desenrolando a um ritmo constante e sem quebras, guiando-nos por terras que já conhecíamos  - Siovale, La Sereníssima…- passando por  locais que já haviam sido referidos em anteriores volumes – Aragonia e Menekhet – para terminar por nos levar ao território verdadeiramente assustador que é Drujan.
Neste ponto não posso deixar de referir a forma realista com que Carey nos pinta uma capital africana, com todas as misturas de culturas e povos que podemos encontrar nestes locais, no caso de Menekhet, e o pequeno frio no estômago com que consegue deixar o leitor à medida que o vai preparando para Drujan. Toda a geografia, a história deste povo, a sua cultura e o povo em si, estão fortemente marcadas pelo derramamento de sangue e  por uma entidade negra e mortal que ninguém consegue explicar porque ninguém conhece. E é aqui que a narrativa nos deixa, numa terra selvagem e inóspita onde, longe de se resolverem, as coisas apenas parecem complicar-se. O ponto fulcral de interrupção deixa –nos cheios de curiosidade…  O que se esconderá verdadeiramente na negra fortaleza de Drujan? De que será capaz um bem treinado cassiline quando levado às profundezas do desespero? Que alianças poderão vingar entre os prisioneiros no zenana? E, acima de tudo, quais as consequências que poderão advir do encontro da mais perfeita e única anguisette com o mais pérfido dos sádicos?...

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